Nos últimos tempos, a organização e a participação cidadã assumiram uma nova dimensão com o uso das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Estas tecnologias são ferramentas com enorme potencial para que, enquanto cidadãos, transformemos as nossas causas não apenas em questões locais, mas também em questões de interesse nacional e, às vezes, até internacional. Além disso, ajudam-nos a circular informações com maior facilidade e rapidez, para que mais pessoas conheçam, comuniquem, se coordenem e organizem com menos recursos e esforços.
Com isto, a comunicação online torna-se uma ferramenta muito poderosa para a actuação das ONGs e, especificamente, para o objetivo de transformação social. O activismo digital é um mecanismo com muito potencial que pode ser usado para informar; sensibilizar, denunciar e mobilizar outros cidadãos; e como ferramenta para influenciar políticas públicas. Têm ajudado a dar voz às causas que, nos meios de comunicação social tradicionais, não são visíveis e facilitam o processo de organização e comunicação, tão importante nas ações de advocacia.
Estamos em Moçambique com um ecossistema digital incipiente e, por isso, com uma oportunidade para as organizações sociais ocuparem este espaço digital, colocar-se numa posição de força num panorama em construção e fazer dos meios de comunicação social digital (redes e web 2.0) um instrumento ao serviço da construção e transformação social. A actual fase embrionária do ecossistema digital moçambicano é uma oportunidade para que a visão social seja feita com um espaço importante e, ao mesmo tempo, condicionar a configuração deste ecossistema.
Para isso, é importante que as organizações que compartilham a sensibilidade da Aliança para a Saúde, construam um substrato de actividade digital favorável que acabe por gerar a dinâmica de uso transformador destas ferramentas. Ou seja, as próprias organizações devem ser as primeiras a aproveitar esta oportunidade e assumir o controlo.
Por um lado, há uma apreciação da necessidade de: 1) assegurar habilidades digitais básicas no pessoal técnico que deve trabalhar nas acções conjuntas da Aliança para a Saúde, bem como conhecimento teórico / prático essencial no uso de certas redes sociais e ferramentas digitais; 2) familiarizar-se com o campo do activismo digital e o uso das TIC para causas ou questões sociais, tanto na consciencialização como na defesa de direitos, estabelecendo uma estrutura teórica e estratégica compreendida e compartilhada por todos; e, 3) gerar ou reforçar o trabalho de aliança a nível online, o que favorecerá o trabalho offline.
Daí vermos necessário e pertinente criar e colocar à disposição o primeiro Curso Básico de Activismo Digital para Organizações da Sociedade Civil, em Moçambique.
Objectivo geral:
Que os participantes se familiarizem com o mundo digital e as possibilidades que este oferece de influência política e de sensibilização e educação para as acções de desenvolvimento e que os participantes reflictam sobre a forma como podem aplicar estas ferramentas à actividade da sua organização e da aliança.
Objectivos específicos:
A avaliação será realizada através da intervenção no fórum e da participação nas actividades parciais propostas nesse canal, valorizando especialmente as atitudes orientadas para promover o trabalho colaborativo e explorar as possibilidades da construção de redes para a elaboração das actividades indicadas. Finalmente, será proposto o desenho e planificação de uma campanha fictícia.
Folheto de Apresentação do Curso Básico de Activismo Digital para OSC
Plano de Formação do Curso Básico de Activismo Digital para OSC (formato online)
Vídeo: Testemunho estudante
"Participar deste curso de Activismo Digital serviu mesmo para potencializar as nossas capacidades no que diz respeito ao uso das redes sociais a favor daquela que é a nossa causa."
Célia Muchanga
(Coordenadora - Associação Kutenga)
Em primeiro lugar, abordamos as expectativas dos participantes, o que sabem sobre activismo digital, quais são as suas experiências e o que pensam que irão conseguir na formação.
Depois reflectimos sobre o activismo digital, que sentido tem nas nossas sociedades, quais são os objectivos e revemos experiências com as quais os participantes se podem identificar devido à proximidade e ao potencial da geração de redes transnacionais.
Analisamos os elementos mais necessários para conceber uma campanha de advocacia digital. Desde as necessidades anteriores, ou seja, como teríamos de gerir as nossas redes, até à reflexão sobre o tipo de campanha que queremos elaborar e as diferentes questões importantes a ter em conta, conteúdos, canais, períodos, participantes, etc. E também iremos apontar outros instrumentos para fazer advocacia que não são precisamente as campanhas.
Adoptamos uma abordagem muito básica das ferramentas mais fundamentais do activismo digital, ferramentas úteis para muitas coisas, desde aquelas que nos ajudam a comunicar uns com os outros e a coordenar as nossas acções ou a trabalhar em colaboração, até às próprias redes sociais ou plataformas de mensagens instantâneas através das quais divulgamos massivamente a nossa mensagem. É evidente que esta é simplesmente uma abordagem inicial a estes instrumentos, devido ao tempo disponível para se concentrarem no potencial de cada um deles, naquilo para que são recomendados ou quais são os seus limites, por exemplo.
O ambiente digital oferece ferramentas específicas para a criação de conteúdos que podem melhorar o impacto das nossas mensagens. Abordamos o uso de vídeo e imagem na transmissão de mensagens e também algumas ferramentas para facilitar a criação destes conteúdos visuais de uma forma simples. Para além de chamar a atenção para outras acções para além da transmissão de mensagens, como a identificação de utilizadores de interesse ou a avaliação de campanhas, a fim de aprender com possíveis erros ou reforçar os êxitos.
Finalmente, nesta unidade também abordamos de forma superficial a questão da segurança digital apenas para chamar a atenção para o facto de neste ambiente existirem também riscos para os activistas e para alertar para práticas básicas e orientar para estruturas que possam ajudar a aprofundar esta linha. Da mesma forma, um dos elementos que mais ajuda na segurança dos activistas é o trabalho coordenado, colaborativo e em rede.